Apresentação

Razões justificativas da ação e a sua inserção no plano de atividades da entidade proponente O período histórico que vivemos é marcado por uma globalização cada vez mais efetiva do modelo de vida ocidental. A ocidentalização do mundo e do seu modelo hegemónico de sociedade vem caminhando a passos largos, potencializando a policrise mundial que vivemos (Morin e Kern, 2010). Essa policrise é marcada por problemáticas ambientais, sociais, económicas, políticas, culturais, educacionais, emocionais, relacionais e espirituais, relacionadas com as características hegemónicas deste modelo de sociedade: industrialismo, tecno-cientificismo, produtivismo, individualismo, materialismo, consumismo, utilitarismo, urbanocentrismo, antropocentrismo e adultocentrismo, causando aquilo que Foucault (2008) descreve como um mal-estar civilizacional generalizado. Neste contexto, é urgente uma mudança de paradigma civilizacional, que implica uma “metamorfose cognitiva e éticopolítica” (Vieira, 2016), viabilizada por uma nova concepção ecopedagógica e alicerçada numa cosmovisão sistémicocomplexa e ecocêntrica (Bazzo e Florêncio, 2023). Sabemos a importância fulcral que tem a mudança no campo da educação, pois ela produz a (e é produzida pela) sociedade em que vivemos (Morin, 2014). Esta ação de formação visa apresentar princípios e estratégias de uma educação pelo e para o Bem Viver, que é uma ética de vida originária dos povos indígenas sul-americanos, construindo uma educação inspirada na forma de viver e educar destes povos.

Destinatários

Educadores de Infância, Professores do Ensino Básico, Secundário e de Educação Especial

Releva

Para os efeitos previstos no n.º 1 do artigo 8.º, do Regime Jurídico da Formação Contínua de Professores, a presente ação releva para efeitos de progressão em carreira de Educadores de Infância, Professores do Ensino Básico, Secundário e de Educação Especial. Para efeitos de aplicação do artigo 9.º, do Regime Jurídico da Formação Contínua de Professores (dimensão científica e pedagógica), a presente ação não releva para efeitos de progressão em carreira. No âmbito do Despacho n.º 4840/2023, publicado a 21 de abril de 2023 a ação de formação, excecionalmente, releva na dimensão científico-pedagógica para a progressão da carreira docente Educadores de Infância, Professores do Ensino Básico, Secundário e de Educação Especial.

Objetivos

O objetivo geral deste curso é: apresentar princípios e estratégias de uma educação pelo e para o Bem Viver, construíndo uma educação inspirada nessa ética de vida com as educadoras/es e professoras/as nos contextos educacionais onde atuam. Os objetivos específicos são: definir o Bem Viver e relacioná-lo com perspectivas éticas, políticas e educacionais ocidentais que se aproximam dele; apresentar um conjunto de princípios e estratégias de uma educação pelo e para o Bem Viver e refletir sobre como eles podem ser aplicados no contexto da educação escolar ocidental; criar planeamentos de aplicação desses princípios e estratégias. De referir que o conjunto de princípios de uma educação pelo e para o Bem Viver têm grande proximidade com os princípios e competências definidas no “Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória”, tal como poderá ser verificado em seguida na descrição dos conteúdos da ação.

Conteúdos

Módulo 1 (2,5 horas) | Apresentação do Formador e do Curso; Apresentação e discussão dos critérios de avaliação do Curso; Bem Viver; Vida Boa (Aristóteles); Felicidade (causas e indicadores); • Módulo 2 (2,5 horas) | Territorialidade; Autodeterminação e autogestão dos povos e comunidades; Identidades culturais; Ecologismo; Cooperativismo e economia solidária; Meios de comunicação hegemónicos vs alternativos; • Módulo 3 (2,5 horas) | Didática fundamental; Educação integral; Educação libertadora e crítica; Educação com ethos desescolarizado; Pedagogia intercultural; • Módulo 4 (2,5 horas) | Racionalidade poética; Visão holística; Pensamento complexo, inter e transdisciplinar; • Módulo 5 (2,5 horas) | Saber de experiência; Corporeidade; Arte; Natureza e ritmos biológicos; Permacultura; • Módulo 6 (2,5 horas) | Ludicidade; Aprendizagem horizontal e vertical de saberes; Autonomia e Iniciativa; Valorização social da criança e dos e das adolescentes; • Módulo 7 (2,5 horas) | Cuidado em rede; Aprendizagens socioemocionais; Autoridade, afeto e pertencimento; • Módulo 8 (2,5 horas) | Pensamento participativo e cósmico; Espiritualidade e transcendência; Culpabilidade vs Liberdade interior; Expansão da alteridade; • Módulo 9 (2,5 horas) | Rituais e práticas ritualísticas; Festas e celebrações; • Módulo 10 (2,5 horas) | Sonhos; Oralidade; Memória; Avaliação dos formandos, do formador e da ação; Celebração de Encerramento da ação de formação.

Metodologias

A ação será realizada alternando momentos de exposição de conteúdos, utilizando a oralidade e meios audiovisuais, como apresentação de power point, fotos e vídeos, com momentos de diálogo sobre os conteúdos e com momentos de trabalho em grupo e exposição desse trabalho. Os trabalhos serão realizados em grupos de 3 ou 4 pessoas, com o objetivo de planear ações e projetos pedagógicos que coloquem em prática os conteúdos trabalhados teoricamente em cada sessão. Na última sessão o trabalho de grupo consistirá em planear um projeto pedagógico que abranja o máximo possível de todos conteúdos abordados nas sessões do curso e que será apresentado como trabalho final.

Avaliação

A classificação de cada formando será realizada na escala de 1 a 10 conforme indicado no Despacho n.º 4595/2015, de 6 de maio, respeitando todos os dispositivos legais da avaliação contínua e tendo por base a participação/contributos e o trabalho final elaborado pelos formandos, a saber: -Qualidade da participação, contributo para a dinâmica das sessões (20%) -Estrutura e qualidade pedagógica/científica dos trabalhos realizados (70%) -Apresentação e defesa do trabalho final (10%)

Bibliografia

1- Bazzo, J. L. S.; Florêncio, R. (2023) Didática e educação do Bem Viver: das abordagens às práxis decoloniais e ecopedagógicas críticas. In: Revista de Educação Interritórios, v. 9, n. 18, p. 01-31. https://doi.org/10.51359/2525-7668.2023.258822 2- Foucault, M. (2008). Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 35ª Edição. Petrópolis: Vozes. 3- Morin, E.; Kern, A. B. (2010). Terre-Patrie. Paris: Essais. 4- Morin, E. (2014) A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 21ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 5- Vieira, P. (2016). Ecodesenvolvimento: desvelando novas formas de resistência no Antropoceno. In: Souza, C. et al. Novos Talentos: processos de educação para o ecodesenvolvimento. Blumenau: Nova Letra, p. 23-63.

Anexo(s)

Formador

Rui Florêncio

Cronograma